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Bilateralidade de Sucesso: A Relação entre China e Rússia


Svetlov, Mikhail. 2019


Resumo


No dia 28 de junho de 2021, ocorreu a extensão do Tratado China-Rússia de Boa Vizinhança e Cooperação Amigável, por meio de uma videoconferência realizada entre o presidente chinês, Xi Jinping e o presidente russo, Vladimir Putin. O ato é reflexo de um multilateralismo de êxito, que por anos se constitui solidamente a partir da complementaridade benéfica entre os dois países.

Palavras-chaves: multilateralismo, China, Rússia, bilateral, tratado, videoconferência.



Introdução


A longínqua cooperação política e comercial sino-russa forneceu um suporte econômico vantajoso entre ambos países, como conseguinte de laços bilaterais sólidos e inabaláveis. Dessa forma, pode-se dizer que o cenário econômico chinês e russo alavancou ao ser estimulado pelo crescimento de exportações, evolução de compras externas, apoio tecnológico e investimento chinês no território russo. Isto posto, em 2020, a China se manteve no pódio de principal parceiro comercial da Rússia e, o Estado governado por Putin, tornou-se o 10° maior parceiro comercial da China.



Relação China-Rússia


A cooperação de anos entre China-Rússia atingiu um patamar mais elevado, devido à confiança dos líderes de Estado e diplomatas acerca do desenvolvimento das relações bilaterais. Seguindo este paradigma, a parceria possibilitou o desenvolvimento nas áreas políticas, econômicas e tecnológicas.

Desde o início de 2021, o multilateralismo em questão trouxe grandes resultados, apesar da pandemia avassaladora de COVID-19. Os laços chineses-russos serviram como um grande exemplo de cooperação global ao desfrutarem dos bons resultados ao combate da pandemia, como efeito do embate conjunto contra a propagação do vírus. Entre os êxitos multilaterais, é importante destacar os do âmbito econômico e os do tecnológico. O comércio bilateral garantiu sucesso contínuo ao atingir o crescimento de aproximadamente 20%. A cooperação no setor de energia nuclear russo-chinesa ganhou forças (a tecnologia VVER-1200 projetada pela Rússia será aplicada na construção de unidades recém-lançadas da usina nuclear de Tianwan e da central nuclear de Xudapu). Ocorreu um progresso no projeto de construção conjunta de uma estação internacional de pesquisa científica na Lua, o aumento de 48,3% de investimento direto não financeiro da China no território russo, a expansão de volume de produtos mecânicos, eletrônicos e de alta tecnologia e a celebração do 20° aniversário do Tratado China-Rússia de Boa Vizinhança e Cooperação Amigável (XINHUA).

Em busca de fortalecer a estrutura comercial e diplomática entre a China e a Rússia, no dia 4 de junho de 2021, a mídia estatal chinesa, Xinhua, declarou que os dois países se apoiam mutuamente no quadro de interesses fundamentais. Com a finalidade de assessorar o desempenho e o progresso da relação, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, foram os responsáveis pelo desencadeamento da promessa de interesses fundamentais, que foi feita por meio de uma ligação telefônica. Dentre os assuntos abordados na conversa, estava a justiça internacional e a estabilidade mundial (XINHUA).

O apoio político mútuo entre a China e a Rússia se encontra evidente diante à política de dupla contenção executada pelos EUA, que busca apoio de países que defendem uma democracia liberal, a fim de estremecer o estreitamento da aliança Pequim-Moscovo, uma vez que teme a ascensão da República Popular da China como a maior economia do mundo. Durante a ligação realizada por Lavrov e Wang, a interferência estadunidense nos assuntos internos da China e as blasfêmias ocidentais proferidas pelos Estados Unidos e demais países do Ocidente durante a reunião do BRICS foram recordadas pelo diplomata chinês. O ministro utilizou a ação imperialista para ressaltar na conversa a amizade tradicional e a confiança política entre ambos Estados, enfatizando o papel de Lavrov como defensor da China no cenário de difamações ocidentais referentes aos direitos humanos e origem do Coronavírus (XINHUA).

A reunião do BRICS, citada anteriormente no artigo, não foi a primeira ocasião em que os Estados Unidos da era Biden e seus aliados se opõem à China. Seguindo o legado de política externa do antigo presidente norte-americano, Donald Trump, Joe Biden fez a OTAN considerar a China como um risco à segurança do Ocidente e usou a reunião do G7 no Reino Unido como tentativa de desenfrear a ascensão da China. Com o intuito de isolar o Estado socialista no cenário internacional, o presidente Biden durante a sua viagem à Europa almejou criar uma aliança a fim de realizar uma frente unificada contra o país asiático e adversários modernos (PARKEY; GEARAN). A coalizão internacional formada pelos EUA, Canadá, Japão e alguns membros da Europa disseminaram calúnias sobre práticas chinesas de direitos humanos e hipóteses sobre a Sars-CoV-2 ter se originado em um laboratório de Wuhan. Em resposta à ideia de “violação de direitos humanos”, que permeia nas mídias e forças ocidentais desde a era Trump, e que ganhou forças durante o governo Biden. Neste ano, a China publicou dois livros brancos, que contêm análises históricas e dados que desmitificam mentiras do quadro. Em maio, o governo chinês publicou "Libertação Pacífica e Desenvolvimento Próspero do Tibete" e, em junho, o Partido Comunista da China lançou um documento sobre a experiência do Partido Comunista no respeito e a salvaguarda dos direitos humanos (RÁDIO INTERNACIONAL DA CHINA). Ainda no que tange as acusações infundadas sobre o tema de direitos humanos no território chinês, é importante dizer que cerca de 90 países apoiaram a China e se opuseram à interferência nos assuntos internos da República Popular, durante o segundo dia da 47ª sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (XIN, LIU).

Apesar da China ser considerada um risco na cúpula da OTAN, a Rússia segue como a principal preocupação ocidental. Ademais, assim como o seu parceiro, o país sob comando de Putin não escapou de ataques recentes originários da parte ocidental do globo em ação da dupla contenção. Os chanceleres do G7 consideraram a Rússia como desestabilizadora da comunidade internacional (PINTO, STELA). E como consequência da interferência nas eleições de novembro, em abril deste ano, os EUA aplicaram sanções financeiras contra a Rússia e retirada de diplomatas, um mês depois do chefe de Estado norte-americano chamar Putin de assassino. No entanto, diferente do desencadeamento da relação China-EUA, a relação Rússia-EUA encontrou um efeito diplomático após a cúpula de Genebra. Depois das declarações infâmias de Biden, o presidente dos EUA telefonou para Putin e propôs um encontro, que tomou forma em Genebra, no dia 16 de junho (SPUTNIK). O evento foi essencial para os embaixadores russos e norte-americanos voltarem a realizar suas funções, dúvidas serem sanadas e a conversa sobre a estabilidade estratégica do mundo ser construtiva, apesar da falta de progresso na esfera de segurança cibernética, questão geopolítica da Ucrânia e direitos humanos (SCMP).

Em 28 de junho, Jinping e Putin conversaram por meio de uma videoconferência em Beijing. Os chefes de Estado anunciaram em conjunto a extensão do Tratado China-Rússia de Boa Vizinhança e Cooperação Amigável. Em uma de suas declarações, o presidente da República Popular da China salientou que o mundo está presenciando mudanças e crises e, por isso, a união entre a China e a Rússia está mais estreita, fornecendo energia positiva à comunidade internacional. O presidente chinês também disse que tanto a China como a Rússia produzirão esforços para manter uma relação bilateral sólida na comunidade internacional, independentemente dos empecilhos e dificuldades. O líder alegou que a aliança de amizade, a qual em 2021 completou 20 anos de existência, é um exemplo de novo tipo de relações internacionais (XINHUA).

Juntamente à declaração satisfatória de Jinping, Putin declarou que

“A extensão do tratado estabelecerá uma base mais sólida para o desenvolvimento dos laços bilaterais de longo prazo”.

Os presidentes perante ao cenário das relações internacionais planejam desempenhar um plano de manutenção de paz mundial e de segurança regional. Os presidentes prometeram a estabilidade do sistema internacional e da ordem internacional, se fundamentando no direito internacional. Eles também prezam pela segurança global, se opõem às interferências nos assuntos internos de outros países e resistem a sanções unilaterais. O caso das tropas retiradas do Afeganistão pelos EUA e pela OTAN também foi pauta da conversação sino-russa. Ambos líderes estão preocupados com o cenário e se baseiam no ideal de estabilidade regional, segurança e paz (XINHUA). De acordo com Andre Liebich, professor honorário de história e política internacional do Instituto de Pós-Graduação em Estudos Internacionais e de Desenvolvimento em Genebra. Segundo o pensamento do professor, os Estados estão cooperando juntamente em instituições internacionais, como o Conselho de Segurança das Nações Unidas, com o propósito de propagar a paz e combater o terrorismo (XINHUA).



Considerações Finais


A relação Sino-Russa tem fornecido bons resultados para ambas as partes, visto o crescimento econômico dos dois países juntamente ao apoio político, dado o paradigma onde as duas potências sofrem a tentativa de exclusão da comunidade internacional por parte dos Estados Unidos. Assim, uma vez que firmaram uma longínqua união política estável e sólida, o Tratado China-Rússia de Boa Vizinhança e Cooperação Amigável é reflexo de uma colaboração bilateral de sucesso.



Referências Bibliográficas


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