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COMO A INTERNACIONALIZAÇÃO DO FUNK BRASILEIRO VEM AFETANDO AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS BRASILEIRAS?

Palavra-chave: funk; funk brasileiro; soft power; diplomacia; internacionalização; plataformas digitais; artistas; Anitta.


Introdução


Nos últimos anos, o funk brasileiro deixou de ser apenas uma expressão musical periférica para se tornar um fenômeno global. Originado nas favelas do Rio de Janeiro e por muito tempo marginalizado pelas elites e pela mídia tradicional, o gênero passou por um processo de expansão que o posicionou no centro das indústrias culturais internacionais. Esse movimento, impulsionado por plataformas digitais, além de parcerias estratégicas, tem transformado o funk em uma ferramenta de projeção internacional da cultura brasileira.

Os artistas desempenham um papel central nesse processo, atuando como verdadeiros agentes culturais que, por meio da música, constroem pontes simbólicas entre o Brasil e o resto do mundo. A internacionalização do funk não se limita à circulação de ritmos e danças; ela envolve também a exportação de valores, estéticas e narrativas próprias das periferias brasileiras. Nesse sentido, o funk passa a operar como instrumento de soft power e diplomático impactando significativamente as relações internacionais brasileiras.


Desenvolvimento

A internacionalização do funk vem seguindo uma estratégia semelhante à empresas que buscam o mercado externo: se adaptando a língua local, fazendo parcerias com agentes internacionais e usando as plataformas digitais como propulsor. Artistas como a Anitta vem conseguindo romper as barreiras culturais ao incluir os idiomas estrangeiros em suas músicas e fazendo parcerias com estrelas globais como Snoop Dogg e The Weeknd.

Além disso, a circulação de músicas em redes sociais como o Tiktok favorece o compartilhamento viral de coreografias e trechos da música que contribuem pra o alcance internacional do gênero. Nesse contexto, o funk deixa de ser apenas um gênero musical marginalizado e passa a ocupar o mainstream global, como demonstram as performances de Anitta no Coachella e no VMA, que é analisadas por Rafaela Lima Oliveira em seu artigo "O funk como instrumento de soft power brasileiro: o caso Anitta" (2023). Já artigo de Maria Monteiro, "A música brasileira como soft power: uma análise do funk carioca" (2024), aponta que esse processo também está relacionado ao ensino da língua portuguesa como língua estrangeira e à valorização de elementos culturais periféricos por estrangeiros, especialmente quando mediados por figuras carismáticas como Anitta.

O conceito de soft power, desenvolvido por Joseph Nye, refere-se à capacidade de um país influenciar outros por meio da cultura e diplomacia. Nesse contexto, o funk brasileiro, ao se projetar globalmente, tem atuado como um instrumento de soft power que amplia a presença simbólica do Brasil no exterior.

De acordo com artigo Rafaela Lima Oliveira (2023), o funk se torna um vetor dessa influência simbólica principalmente através da figura de Anitta, artista que articulou com sucesso sua imagem pessoal à do Brasil contemporâneo. A internacionalização do gênero permitiu não apenas a circulação da música, mas também de narrativas sociais e políticas que antes estavam confinadas às margens do debate público nacional.

O artigo de Marina Monteiro da Silva (2024) reforça esse argumento ao destacar que Anitta representa uma nova forma de inserção do Brasil no imaginário internacional. Sua presença em eventos globais, em campanhas de grandes marcas e em colaborações musicais transcende o entretenimento tornando-se um importante vetor para disseminação da cultura brasileira e também contribuído para romper o “complexo de vira-lata” brasileiro e inserir a estética das periferias no centro da diplomacia simbólica global.

Assim, o funk funciona como uma ferramenta estratégica de valorização cultural e reposicionamento internacional. Ele revela um Brasil dinâmico, criativo e capaz de ditar tendências globais, ainda que essa imagem esteja dissociada das representações estatais tradicionais. Como produto da chamada “indústria criativa”, o funk é hoje uma das faces mais influentes da diplomacia cultural brasileira contemporânea.


Conclusão

A internacionalização do funk brasileiro representa um fenômeno cultural que transcende as fronteiras e impacta diretamente as relações internacionais do Brasil. Ao se firmar como expressão legítima da cultura nacional em palcos globais, o funk contribui para a construção da imagem do país no exterior. Por meio de artistas como Anitta, que atuam como embaixadores culturais, o gênero musical se consolida como ferramenta de soft power, promovendo o Brasil de maneira simbólica. Esse movimento demonstra que, mesmo à margem das políticas diplomáticas oficiais, manifestações culturais populares podem desempenhar um papel relevante na projeção internacional do país, fortalecendo laços culturais e redes de influência. Assim, o funk se consolida como um poderoso instrumento da diplomacia cultural brasileira no século.


Referência bibliográficas

MONTEIRO DA SILVA, Marina Maria. A música brasileira como soft power: uma análise do funk carioca. 2024. Monografia (Licenciatura em Letras – Português/Literaturas) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2024.


OLIVEIRA, Rafaela Lima. O funk como instrumento de soft power brasileiro: o caso Anitta. 2023. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda) – Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2023.


PEREIRA, Gabriel. Análise da internacionalização do funk brasileiro. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Comércio Internacional) – Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, 2019.


ZAPATA, Maximiliano Oscar; PARODE, Fábio Pezzi. Folkcomunicação e⁷l expressões populares no TikTok: internacionalização do funk. In: PARODE, Fábio Pezzi; ALVES, Thiago Henrique Gonçalves (org.). Epistemologias e estéticas: a interdisciplinaridade nos estudos em comunicação. Cachoeirinha: Editora Fi, 2024. p. 49-56.

3 Comments


O verde é a cor Da inveja !!!
O verde é a cor Da inveja !!!
May 18

Parabéns

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Fernanda Gonsalves
Fernanda Gonsalves
May 16

Excelente garota!!!

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Rafael Nolano Ricco Nolano
Rafael Nolano Ricco Nolano
May 16

Parabéns!! Excelente resumo!!

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