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EPSTEIN E TRUMP

PALAVRAS-CHAVE: Donald Trump; Jeffrey Epstein; Ghislaine Maxwell; Pam Bondi; EUA; Departamento de Justiça


Epstein e Trump em 1997. CNN, 2025.
Epstein e Trump em 1997. CNN, 2025.

Neste artigo buscarei entender e explicar umas das muitas polêmicas recentes do presidente dos Estados Unidos da América, Donald J. Trump, quem foi Jeffrey Epstein, o que ele fez, qual sua relação à Trump, pronunciamentos passados, recentes, e qual a visão dos diferentes lados políticos sobre isso e como tudo isso pode afetar o presidente americano e o cenário internacional consequentemente. 


Quem foi Epstein? 

Para começarmos, deve-se entender a pessoa que foi Jeffrey Epstein e sua central importância para essa história a qual inteiramente existe em torno de seu passado. Nascido em 1953, Epstein cresceu e estudou em Nova Iorque, eventualmente em 1982 alcançando sucesso na Wall Street, fundou sua própria empresa e tornou-se um rico empresário com incríveis contatos, como Donald J. Trump tendo se conhecido, supostamente, por volta de 1987.

Nas décadas seguintes presenciou-se o contato de Epstein com diversas outras figuras, não só do mundo do comercio, mas também política e até mesmo mídia, como em 2002 com presidente americano na época, Bill Clinton e ator Kevin Spacey. Já na época alguns depoimentos de conhecidos de Epstein chamaram a atenção e posteriormente viriam a encaixar-se muito mais adequadamente na história desconhecida ainda então. CEO da Tiffany & Co. em 2003, Rosa Mockton, descreveu Epstein como enigmático e difícil de ler, sugerindo uma segunda face e um comportamento desconexo de sua realidade.

Em outra entrevista para a New York Magazine em 2002, Trump disse: “Ele é muito divertido. Dizem que ele gosta de lindas mulheres tanto quanto eu, e muitas são jovens.” (TRUMP, 2002 apud GABBATT, 2025, p. 1, tradução nossa)

Em 2005, ao ser acusado de molestar uma menina de 14 anos na Florida, e polícia de Miami iniciou investigações na vida de Epstein e descobriram aproximadamente mais 50 garotas relatando histórias similares de abuso. Conforme os processos judiciais prosseguiram, Epstein evitou a prisão perpetua, contentando-se com 18 meses de liberdade condicional durante os quais podia trabalhar 12 horas por dia 6 dias da semana. Tendo sido liberado após apenas 13 meses de condicional, o caso obviamente repercutiu na mídia e o promotor federal Alexander Acosta que cuidou do caso, alcançou um acordo com o FBI para esconder os crimes de Epstein, descrevendo o evento como o “acordo do século”. 

No decorrer dos anos, Epstein continuo enfrentando polêmicas, ataques, mas continuou livre, até dia 6 de Julho de 2019 quando foi preso ao retornar de uma viagem à Paris, acusado de tráfico de menores. Poucos dias depois, dia 12 de Julho, Alexander Acosta, tendo se tornado secretario do trabalho no governo Trump, renunciou dado o recorrente escândalo de Epstein.

Após pouco mais de um mês, no dia 10 de agosto, Epstein foi encontrado morto em sua cela, oficialmente tendo se suicidado, ainda antes de terminar o seu julgamento. Já na época diversas teorias conspiratórias, acreditavam no assassinato de Epstein. 


Quem mais fazia parte? 

A esposa de Epstein, Ghislaine Maxwell, envolvida nos negócios do casal, foi processada por tráfico sexual em 2020, sentenciada em 2021 e condenada em 2022 a 20 anos de prisão. No decorrer das diversas investigações tanto no caso de Epstein como no de Maxwell, foi-se determinada a ilha de Little St. James (Epstein Island), a aproximadamente 3 km da costa de St. Thomas, nas Ilhas Virgens Americanas no Caribe, como seu centro de negócios o qual era alcançado via jato particular (apelidado de Lolita), onde também trazia jovens garotas via helicóptero. Segundo diversos relatos, a ilha e seu proprietário eram notórios na região, assim como suspeitas de abusos que lá ocorriam.

Em uma entrevista dada à MSNBC, jornal americano, dia 6 de julho de 2024, Trump tratando da liberação de diversos documentos controversos que envolvam a história americana, como, 11 de setembro, John F. Kennedy (JFK), e Jeffrey Epstein, respondeu em particular a esse ultimo: “Sim, sim, eu liberaria, acho que liberaria [...] você não quer afetar a vida das pessoas se tiverem coisas falsas no meio, e tem muitas coisas falsas naquele mundo. Mas acho que liberaria [...]” (MSNBC, 2024 s.p. tradução nossa) 

Seguidamente, no final de fevereiro, Pamela Bondi, Procuradora-Geral dos EUA, anunciou a liberação dos documentos do caso Epstein, The Epstein Files: Phase 1 (Os Arquivos Epstein: Fase 1). Apesar das 200 páginas de documentos, rapidamente a mídia percebeu a ausência de nomes, afinal, sem nomes explícitos, torna-se difícil encontrar culpados. Logo em seguida Bondi afirmou ter a lista referente ao caso de Epstein, portanto, a lista de pessoas que visitaram a ilha (seja à negócios ou envolvidos no crime), em sua mesa para serem avaliados.

Dia 6 de Junho, Kash Patel, diretor do FBI, afirmou durante um episódio do podcast de Joe Rogan de qual participou, que certamente liberaria os documentos e vídeos referentes à Epstein se ele tivesse acesso ou se existissem. 

Posteriormente, dia 8 de julho, cerca de um mês depois, questionada sobre os documentos, Bondi, ao lado de Trump, explicou o mal-entendido, afirmando ter os documentos, mas não necessariamente a lista de convidados para a ilha de Epstein. Na mesma ocasião, Trump criticou os jornalistas:  “As pessoas ainda estão falando desse cara? Desse esquisito? Inacreditável [...] Eu não acredito você está perguntando sobre Epstein em um momento como esse [...]” (TRUMP, 2025, tradução nossa).


Trump, Melania, Epstein e Maxwell em 2000. PBS News, 2025.
Trump, Melania, Epstein e Maxwell em 2000. PBS News, 2025.

Trump estava envolvido? 

Finalmente, alcança-se o ponto crucial que trouxe esse escândalo de volta para os holofotes internacionais nos últimos meses, a inevitável pergunta que muitos fizeram. Estaria Donald J. Trump na lista de convidados para a Epstein Island? De acordo com anteriormente aliado político de Trump, e homem mais rico do mundo, Elon Musk, sim. No dia 7 de julho Musk deletou sua postagem na rede social X (antigo Twitter) apontando a demora do governo para a liberação da lista, devido a aparição do nome de Trump na lista. Vale lembrar que Trump e Musk, tiveram uma espécie de confronto político alguns meses atrás o qual resultou na saída oficial de Musk do governo e desde então, esse vem criticando fortemente o governo em múltiplas ocasiões, tratando-se do caso de Epstein. 

De acordo com uma publicação do Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) no dia 8 de Julho, após uma longa e aprofundada análise do caso Epstein, não foi encontrada nenhuma lista incriminatória, assim como não foram encontradas evidências sustentando a possibilidade de Epstein chantagear indivíduos valiosos.

Para adicionar sal à ferida, no final de Julho, dia 28, respondendo perguntas dos Jornalistas, quando questionado sobre os documentos do caso Epstein, Trump chamou todo o escândalo de farsa, acusou a administração anteriores de adulterarem os documentos, segundo ele: “[...] essa coisa inteira é uma farsa [...] pense nisso, aqueles documentos eram gerenciados pela oposição, pelos meus inimigos, se tivesse algo ali, eles usariam para as eleições [...]” (TRUMP, 2025, tradução nossa) 


Conclusões 

Esse caso é extremamente fundo, complexo, e perigoso, já envolvendo algumas das figuras mais importantes dos EUA, mas possivelmente muitas outras não nomeadas, nesse artigo dei-me o luxo de abordar apenas tópicos que acredito serem essenciais para entender o fundamental dilema da questão, porém em minha pesquisa encontrei diversos outros nomes importantes, vazamentos e teorias que circundam em volta a essa história na mídia.

Fundamentalmente, o aparente desejo do povo estadunidense é a publicação da Epstein List, ou Lista de Epstein, através da qual o sistema de justiça, supostamente, poderia então trazer os devidos criminosos perante julgamento. O envolvimento de Trump apenas exalta a situação para uma escala muito mais alarmante, afinal de contas, o próprio presidente americano durante as eleições do ano passado, afirmou liberaria os documentos. Porém agora que esta no poder, a administração Trump não só descumpriu com sua própria promessa de campanha, mas também esta desviando as atenções do tópico, assim como volta atras em suas proprias palavras a cada semana, com recorrentes contradições: inicialmente seria liberada; depois disseram para aguardar; falaram que não liberariam; depois existe mais uma lista; Trump diz a lista é uma farsa. Em suma, tornou-se uma verdadeira bagunça política. Não deveria surpreender a ninguém a maneira como a própria direita vem criticando o governo de Trump, não só jornais, mas também influenciadores digitais como Asmongold e até mesmo outros políticos de direita como Jack Posobiec. 

Pessoalmente acredito esse escândalo todo não só piora a confiança no governo americano a qual já não era muito boa antes, mas também cria um precedente perigosíssimo para as pessoas no topo do poder governamental controlarem a mídia, e o sistema judiciário, de maneira extremamente alarmante. 

A direita política americana sofreu um grandíssimo ataque com esse escândalo, Trump culpa a esquerda e chama a lista de Epstein, de farsa, porém a mídia parece não querer largar esse caso dada também a sua clara importância. Nessa rara ocasião em que a própria direita vem se questionando e de certa maneira, devorando a si mesma, a esquerda política e, portanto, a oposição, apenas aproveita a oportunidade para triplicar suas críticas e ataques o governo atual norte americano. 

Em conclusão, acredito essa história esta longe de encerrada, e nas próximas semanas, já teremos novidades, dessa forma, para os interessados, recomendo manterem-se atentos aos canais de informações, especialmente americanos para quem compreende inglês. Recomendo, em particular, o canal do youtube "voidzilla", que tem feito uma cobertura incrivel e extensa do caso Epstein, atualizando sua audiência sempre com novidades. Muitas vezes notícias estrangeiras como essa são ofuscadas por questões mais alarmantes ou nacionais como as recentes tarifas de Trump e a prisão do ex-presidente Bolsonaro, porém dependendo do desandar desse evento, a estabilidade política de Washington que Trump tanto busca alcançar, e no momento sustenta sua imagem, pode ser completamente despedaçada, revelando o que pode estar por baixo. 


REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:

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