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A DESUMANIZAÇÃO DOS CONFLITOS MILITARES E A ATUAÇÃO DATECNOLOGIA NA SEGURANÇA NACIONAL

PALAVRAS-CHAVE: Eficiência bélica; Indústria militar; Conflitos internacionais; Guerra; Tecnologia; Ciberguerra; Ciência militar.

Soldado carregando drone; Libkos / AP
Soldado carregando drone; Libkos / AP

RESUMO Este artigo é objetivado à análise do desenvolvimento dos conflitos militares e da desumanização das guerras em contexto atual. Faz alusão à segurança internacional e os efeitos da tecnologia na superestrutura globalizada do mundo contemporâneo. Utiliza de exemplos a Guerra Russo-Ucraniana de 2022 e diversos adventos da indústria bélica, decorrendo sobre grandes invenções militares e suas influências ao cenário atual. INTRODUÇÃO Em função de controle, faz-se centro os fluxos passíveis a este. Observável, principalmente, nos fluxos materiais e informacionais da contemporaneidade, cotidiano do homem pós-moderno. Estes fluxos, controlados por classes de poder, determinam o principal ator do teatro internacional, o Estado. Isto aparente nos fluxos comerciais, tecnológicos, educacionais e de imigração presentes no cenário político-econômico à disposição.

Um fluxo esquecido no Ocidente desde os acontecimentos do século XX, parcialmente comutado pelo soft power (capacidade indireta de domínio) e controle influente, é o da guerra. Faz-se entender como a tentativa de controle sobre o caos, estabelecendo ordem em cenário de incerteza sociopolítica (BOUSQUET, 2009). A guerra, por esta, torna-se ferramenta de raison d’état fundamental para a manutenção da soberania do Estado e das classes mais altas e privilegiadas deste.

O uso de força no Estado moderno mostra constante transformação, sujeito, grandemente, da evolução tecnológica. Assim como observável em perspectiva atual, com zonas de guerra, menção à Ucrânia e Palestina, tomadas por drones e máquinario robótico. Marcando o início da retirada da mão-de-obra de guerra humana e a substituição desta por métodos mais eficientes, protagonizados pela artificialidade.


OS IDEAIS DA CIBERGUERRA

O longo século XX foi notável pelo avanço militar e tecnológico, influenciado pelas duas guerras mundiais e subsequente Guerra Fria. Neste, o advento do tanque de guerra se faz possível inspiração para o padrão do século seguinte, visto que eliminar defesas inimigas atrás de uma forte parede de aço mostrou-se altamente recompensador. Algum tempo depois, no final da Grande Guerra, o começo da utilização de caças e bombardeiros aéreos se faz igualmente notável. Desta vez, a eliminação das defesas se faz capaz sem sequer a necessidade de encarar o inimigo, apenas estar acima deste, distanciando a tropa de seu alvo sem alteração na eficácia da aniquilação. A partir deste quadro, surgem dezenas de outros métodos: esquadrões mecanizados, a utilização de carros armados, a metralhadora automática.

Estes são marcos das diversas tentativas de eficientização da prática da guerra. Por meio do avanço tecnológico, fazem-se de alavancas para a massificação e semissistematização de uma esteira “produtiva” da destruição, presente da descoberta da pólvora até o plano moderno. Assim são os alicerces da indústria da guerra.

Na segunda década do novo milênio do teatro contemporâneo, mostram-se, até então, como o ápice da esteirização produtiva. Isto se faz, como principal ator, por meio dos drones de combate. Maquinários controlados por humanos remotamente, sem a necessidade de presença local, objetivados à obliteração das barreiras contrárias por armamento acoplado. Deste modo, retirando o fator emocional das batalhas, desumanizando os combatentes e tornando soldados controladores de cibernética máquinas de matar supereficientes.


A TECNOLOGIA NAS GUERRAS ATUAIS

Os drones e a cibernética militar demonstram grande problemática no progresso de conflitos no futuro, visto que retiram a possibilidade de rendição das tropas inimigas por serem controlados remotamente. Aumentando as causalidades e os ataques a civis, consequentemente, incentivando uma guerra automática, brutal e eficaz.

Em relação direta ao fator internacional, a guerra se faz pela continuação da política por outros meios, em citação à Clausewitz. Isto aplicado à ciberguerra, resulta na referenciação das estruturas de oligopolização da organização social atual, denunciando o controle legitimado do Estado moderno sobre a morte e a violência armada.

O grande exemplo disto e da ciberguerra é a Guerra Russo-Ucraniana, protagonizando os avanços do armamento bélico russo e ocidental. Torna-se quase comparável a Guerra Civil Espanhola de 1936, em que as potências da Alemanha, Itália e União Soviética utilizaram do contexto divisório do país para testar tecnologias de guerra. Assim, a Guerra da Ucrânia se mostra como um ensaio da tecnologia de drones e da robótica militar para demonstração de potencial destrutivo.

No início do conflito, em 2022, o manuseio da ciberguerra foi introduzido como um diferencial dos outros conflitos do passado, com a maior parte das mortes ainda ocorrendo por influência direta humana. Em câmbio inédito, após três anos de guerra, a principal causa de morte de civis se alterou para ataques por drones1 , segundo a Organização das Nações Unidas. Alusão direta à participação crescente da tecnologia em substituição da força humana no campo de batalha.


CONCLUSÃO

A ciberguerra demonstra uma direta influência da política moderna e da evolução sem precedentes da tecnologia em campo de batalha. Mostra a violação de conceitos de paz em tornar o avanço científico como principal movimentador da morte humana em conflitos. Ainda, liga diretamente os efeitos de pesquisas científicas conduzidas por objetivos militares, como o Projeto Manhattan, à atual contemporaneidade. Possibilitando efeitos catastróficos para a experiência civil.

Ademais, apresenta importantes perguntas sobre a longevidade do controle estatal sobre a violência. Questiona quantos avanços científicos serão necessários para a finalização da soberania do Estado inimigo e em quanto tempo este será capaz de alcançar o nível de cibernética atual.

Em síntese, os perigos da tecnologia em campo militar continuam crescentes desde a invenção da bomba atômica. Agora, com ferramentas mais ágeis, eficientes, mortais e silenciosas que qualquer outro período da indústria da guerra na história da humanidade.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOUSQUET, Antoine J.. The Scientific Way of Warfare: Order and Chaos on the Battlefields of Modernity. s.l.: Oxford University Press, 2022


LOBATO, Luisa; KENKEL, Kai Michael. A Ciberguerra é Moderna!: Uma investigação sobre a Relação entre Tecnologia e Modernização na Guerra. Scielo, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cint/a/RQqF3Ztm49nqj4BqKPJGF5J/. Acesso em: 27 abr. 2025.


HUNDER, Max. Drones são a principal causa de mortes na Ucrânia, diz ONU. CNN Brasil, 2025. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/drones-saoa-principal-causa-de-mortes-na-ucrania-diz-onu/. Acesso em: 27 abr. 2025.

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