top of page

Desastres ambientais na África: questões socioeconômicas



Moçambique: o país enfrentou ao menos dez grandes desastres ambientais nos últimos anos (Mike Hutchings/Reuters)


Resumo


As nações vêm sofrendo com as instabilidades ambientais. Os países da África, durante os meses de verão enfrentam o agravamento das dificuldades socioeconômicas devido às intensas mudanças climáticas, resultado do aumento da emissão de gases na atmosfera e do aumento da temperatura global. Portanto, será realizada análise dos últimos casos e possíveis perspectivas para uma modificação da condição regional.


Palavras-chaves: Problemas sócio-econômicos; África; Desastres ambientais.



Introdução


As ocorrências de desastres naturais, queimadas em áreas florestais, vulcões em erupção e inundações vem ganhando espaço nos noticiários durante os meses de verão intenso no hemisfério norte. A temperatura média global aumenta a cada ano e assim como em outros continentes, o verão tem ficado cada vez mais quente e o inverno cada vez mais frio.

A ONU, através da atuação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) alerta para o aumento das temperaturas chegando a um nível em que se impossibilitará reverter os danos. Para entender os diversos fatos serão utilizados como fonte de análise casos reais como base para entendimento dos diversos acontecimentos do ano de 2021.


Referencial Teórico

Os desastres ambientais vêm ocorrendo com mais frequência em todo o mundo. No ano de 2020 tem ocorrido diversas queimadas e chuvas torrenciais que causam inundações. Contudo, é possível notar que eles são agravados em países que passam por intensas ondas de calor e possuem clima seco, facilitando a proliferação dos focos de incêndio. Ainda é possível notar outra dificuldade de igual importância, uma escassez de recursos básicos, como água limpa, saneamento e saúde que possam conter o avanço de doenças e dar uma solução aos problemas estruturais das nações (MATA-LIMA, H; ALVINO-BORBA, A; et.al, 2013).

Sinais das mudanças vêm aparecendo há algumas décadas, mas eles vêm se mostrando mais fortes e implacáveis, tão devastadores e mortais, ameaçando tanto a flora e fauna quanto a vida humana. Contudo não apenas os seres vivos sofrem com as alterações climáticas, as construções e artifícios históricos vêm se perdendo com o aumento da temperatura média global (MATA-LIMA, H; ALVINO-BORBA, A; et.al, 2013).

Em um dos casos recentes que vincularam a mídia, a situação da Algeria preocupou o governo local, especialistas e os órgãos internacionais responsáveis pela preservação ambiental. No dia 15 de agosto foi reportado que os bombeiros algerianos estavam com dificuldades de apagar cerca de dezenove focos de incêndio no norte do país, que atingiu diversas províncias do país. Cerca de 90 pessoas morreram nesses desastres. Cerca de 4 milhões de hectares de áreas florestais do norte do país foram perdidos apenas neste ano, em comparação ao ano passado, em que 44.000 hectares foram queimados (AFRICANEWS, 2021a).

De igual forma, o Marrocos enfrenta a mesma situação, em que no sábado anterior, 14 de agosto, houve o princípio dos incêndios. O fogo pode ter se iniciado devido ao aumento das temperaturas e pelo forte vento. Cerca de 200 hectares já foram queimados até então. Nesse mês, o reino marcou aumento da temperatura para 49° Celsius (AFRICANEWS, 2021b).

Não apenas as queimadas são um problema em constância. No Congo foi relatado que por causa da erupção vulcânica, milhares de congoleses foram demandados para evacuar a cidade de Goma. Dias depois muitos desses nacionais voltaram para a cidade, mesmo com a marca de 20 mil desalojados. Um dos grandes efeitos desse desastre, além das 32 mortes registradas, foi a falta de infraestrutura para lidar com o deslocamento em massa e consequentemente com a má distribuição de alimentos, piorando as condições das famílias desabrigadas. Com isso, o número de refugiados congoleses em países vizinhos aumentou, causando complicações regionais (THE NEW HUMANITARIAN, 2021).

Os deslocados também encontram muitos problemas para se manter nos países vizinhos, já que esses passam por problemas políticos, sociais e econômicos similares aos enfrentados em suas nações. Por isso muitos deles encontram dificuldades de adaptação às leis locais, pois não há uma regulamentação efetiva de acolhimento desses migrantes. A falta de um marco para o reconhecimento legal da condição de refugiado ambiental, dificulta a ampliação de concessão de direitos a esses emigrados e atrasa a divulgação internacional dos muitos casos sucedidos (VEDOVATO, FRANZOLIN, ROQUE, 2019).


Considerações Finais


Assim como exposto, os desastres além de serem consequência da poluição do meio ambiente e da intensificação do aquecimento global, a questão humanitária também ganha evidência por serem resultado da má gestão dos governos e dos recursos presentes em cada país. Enquanto os países mais pobres do globo se concentram no continente africano, cidades e vilas vêm sendo destruídas pela fúria da natureza, deixando famílias desabrigadas e sem condições de recuperarem seus lares e bens.

Com a pandemia global a visibilidade e a importância da discussão e prevenção das ameaças causadas pelas constantes mudanças climáticas foram ofuscadas pela mídia no mundo todo, principalmente nos países citados anteriormente, em que as suas demandas e necessidades estão voltadas a problemas sociais, políticos e econômicos.

Sendo assim, é imprescindível que a agenda internacional leve em consideração e dê continuidade aos debates nas grandes mesas internacionais para que a constante variação climática, que se agrava a cada ano, não afete mais profundamente a camada social.



Referências Bibliográficas


Africanews. Algerian wildfires still raging, death toll hits 90 including 33 soldiers. Ago. 2021a. Disponível em: https://www.africanews.com/2021/08/15/algerian-wildfires-still-raging-death-toll-hits-90-including-33-soldiers/. Acesso em: 15 ago. 2021.


Africanews. Forest fires rage in northern Morocco. Ago. 2021b. Disponível em: https://www.africanews.com/2021/08/16/forest-fires-rage-in-northern-morocco/ Acesso em: 16 ago. 2021.


The New Humanitarian. Congo volcano risk remais as evacuees return. Mai. 2021. Disponível em: https://www.thenewhumanitarian.org/photo-feature/2021/5/31/congo-volcano-risk-remains-as-evacuees-return. Acesso em: 20 ago. 2021.


VEDOVATO, L.R; FRANZOLIN, C.J; ROQUE, L.R. Deslocados Ambientais: uma análise com base na dignidade da pessoa humana. Revista Direito e Praxis. Rio de Janeiro. Jul - set 2019. P. 27.


MATA-LIMA, H; ALVINO-BORBA, A; et.al. Impactos dos desastres naturais nos sistemas ambiental e socioeconômico: o que faz a diferença? Ambiente e Sociedade. São Paulo, v. XVI, n. 3. jul - set 2013. P. 20.


Comments


bottom of page