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ENCONTRO ENTRE PRESIDENTES DOS EUA E CHINA: DIÁLOGO DIPLOMÁTICO EM DESTAQUE.


Fonte: AFP (Hong Kong Free Press), 2023.



Resumo

As atuais principais potências globais, Estados Unidos e China, têm experimentado crescentes tensões em suas relações. Portanto, é correto afirmar que a realização de encontros entre seus representantes é de suma importância. Nestas ocasiões, os presidentes buscam por meio dessa oportunidade de diálogo, encontrar resoluções dos principais impasses entre as nações, dado que suas decisões podem impactar outros países ao redor do mundo. Desta maneira, é crucial compreender como transcorreu o mais recente encontro entre os líderes Biden e Xi Jinping e quais foram as resoluções alcançadas.

Palavras-chave: EUA; China; Biden; Xi;



O ENCONTRO


No dia 15 de novembro deste ano, ocorreu um encontro entre dois representantes políticos de grandes potências mundiais, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da China, Xi Jinping, nos EUA, especificamente na Califórnia (G1; GLOBONEWS, 2023).

Essa reunião presencial entre os presidentes foi a primeira neste ano. A última vez que se encontraram pessoalmente foi na cúpula do G20 realizada na Indonésia no ano passado (REUTERS, 2023).

Desde então até o encontro mais recente, momentos de tensão surgiram, incluindo desentendimentos e preocupações com relação a um suposto balão espião chinês em território americano. Além disso, houve ações por parte do governo dos EUA em relação a Taiwan. Mesmo após o reconhecimento, em 1979, da soberania chinesa sobre Taiwan pelos EUA, ainda assim o Estado norte-americano continuou a tomar ações que estavam por gerar atritos entre os dois países (USHER, 2023; WINGFIELD-HAYES, 2023).

Representantes dos EUA apontaram possíveis assuntos para fortalecer o entendimento por meio de diálogos com o presidente chinês. Estes incluem questões relacionadas à guerra Israel-Hamas, à situação atual de Taiwan e à guerra na Ucrânia (USHER, 2023).

É relevante destacar, a partir das declarações do presidente americano, Biden, a importância deste encontro e seu impacto no cenário internacional. Biden afirmou em relação a Xi Jinping (apud CNN, 2023), “Acho que é fundamental que você e eu nos entendamos claramente, de líder para líder, sem equívocos ou falhas de comunicação”. Ele também ressaltou a necessidade de “garantir que competição não leve a conflito" (apud CNN, 2023).

Por outro lado, o presidente chinês, Xi Jinping, também expressou a relevância desse encontro (apud G1; GLOBONEWS, 2023), "o planeta Terra é grande o suficiente para os EUA e a China", destacando que, apesar de as duas nações terem suas diferenças, é relevante buscar um maior entendimento para desenvolver e manter suas relações. Xi Jinping foi além, complementando suas declarações ao afirmar, "A relação deve se desenvolver de maneira que beneficie nossos dois povos e cumpra nossa responsabilidade pelo progresso humano. Eu acredito em um futuro promissor desta relação bilateral" (apud G1; GLOBONEWS, 2023).

É perceptível uma busca por manter a proximidade na relação entre os países sempre que possível, visando o entendimento e afastando-se de conflitos, como afirmado anteriormente por Biden. Essa abordagem também pode ser observada em outra fala de Xi Jinping.


“O relacionamento China-EUA nunca foi tranquilo nos últimos 50 anos ou mais e sempre enfrenta algum tipo de problema, mas continuou avançando em meio a reviravoltas para dois grandes países como a China e os Estados Unidos. Virar as costas um ao outro não é uma opção” (apud CNN, 2023).


É crucial ressaltar que o encontro entre as duas grandes potências representa um momento significativo no cenário internacional, especialmente considerando a iminente eleição presidencial nos EUA em 2024 (UOL, 2023).

Após quatro horas de diálogo entre os presidentes, foram abordados temas relevantes, resultando em um anúncio no qual os Estados expressaram a intenção de estabelecer um grupo de esforços bilaterais para lidar com questões como transição energética e combate à poluição (G1; GLOBONEWS, 2023).

Além disso, durante a reunião, ambos os lados concordaram que a China se empenhará em restringir exportações de produtos relacionados à produção de opioide fentanil. Biden enfatizou o protagonismo deste medicamento nos casos de overdoses nos EUA, destacando a medida como crucial para salvar vidas. Essa postura reflete o esforço conjunto dos presidentes em promover maior cooperação no combate às drogas (CNN, 2023; G1; GLOBONEWS, 2023).

Quanto ao caso de Taiwan, o Estado chinês reiterou sua busca por uma reunificação pacífica, descartando ações militares, como invasões (G1; GLOBONEWS, 2023).

Em resposta, um representante dos Estados Unidos disse que a posição do país é caracterizada pela preocupação com a manutenção da paz. Isso evidencia a firmeza dos EUA em suas falas quanto aos interesses de manter uma postura de paz e estabilidade, preocupando-se com potenciais conflitos durante os diálogos entre China e Taiwan, uma posição reiterada por Xi Jinping ao afirmar que a unificação da ilha é buscada de maneira pacífica (G1; GLOBONEWS, 2023).


É um termo que usávamos antes. Ele [Xi] é um ditador no sentido de que é um cara que dirige um país comunista, que se baseia numa forma de governo completamente diferente da nossa" (apud ESTADÃO CONTEÚDO, 2023).


Dessa forma, ao considerar a declaração do presidente dos Estados Unidos sobre o presidente chinês em resposta a questionamentos anteriores sobre Xi Jinping ser chamado de ditador, percebemos as preocupações em relação às declarações e possíveis atritos que poderiam surgir caso esse encontro não acontecesse.

Em resumo, o que podemos entender sobre esse encontro é que, conforme destacado por Wang Yi, ministro das Relações Exteriores da China (apud KLOCK, 2023), toda essa situação contribui para "injetar certezas e aumentar a estabilidade num mundo turbulento e em mudança". Isso, por sua vez, contribui na promoção de melhores resoluções, cooperações e estabilidade no cenário internacional.



A RELAÇÃO DOS DOIS PAÍSES


As relações entre os Estados chinês e norte-americano não foram estabelecidas recentemente, vêm sendo desenvolvidas ao longo dos anos. Após a Guerra Fria, que pode ser vista como um divisor de águas nas relações entre os EUA e a China, é importante notar que durante esse período, a antiga União Soviética não era considerada uma potência econômica, ao contrário da China atual. Da qual, com o tempo, isso reconfigurou o cenário internacional, resultando em duas potências econômicas mundiais na atualidade (EL PAÍS, 2020; CARVALHO; CATERMOL, 2009).

O crescimento da China influencia as tensões que surgem ao longo dos anos nas relações entre os dois países e no mundo, reconfigurando a hegemonia estadunidense. Isso é evidenciado quando analisamos a manutenção que os Estados Unidos buscam sobre seu título de maior potência mundial (PAUTASSO; NOGARA; UNGARETTI; RABELO, 2021; FILHO; TABORDA; JUNG; CHAISE, 2016).

O desenvolvimento do país desde sua colonização, a disseminação de sua cultura e ideologias desde o seu surgimento como Estado fazem com que, conforme Perry Anderson (2015, p. 13 apud FILHO; TABORDA; JUNG; CHAISE, 2016), o nacionalismo dos Estados Unidos se fixe como um sentimento expansionista. Isso significa que o país sempre busca estar em destaque, procurando transmitir e influenciar outros países por meio de suas convicções e crenças.

Em momentos como a pandemia da COVID-19, são exemplos de situações que demonstram que novas tensões surgem entre os dois países devido às suas histórias, pensamentos e ideologias distintas. A falta de confiança mútua reafirma seus atritos, destacando as dificuldades em encontrar terreno comum (EL PAÍS, 2020).

Em resumo, ao continuarem a competição em setores como econômicos e tecnológicos, em meio aos seus desentendimentos, a busca pelos interesses próprios como Estados e suas influências globais resulta na intensificação dos desentendimentos (EL PAÍS, 2020).



CONSIDERAÇÕES FINAIS


É incontestável afirmar que a relação entre os Estados Unidos e a China possui uma longa história, e ao longo do tempo, ambos os países, em busca de seus próprios interesses, têm experimentado atritos que impactam as dinâmicas do sistema internacional.

Ambos os Estados têm suas preocupações, desde princípios de autonomia e soberania até questões relacionadas à segurança. Portanto, quando representantes desses países se encontram para discutir seus principais impasses e possíveis colaborações, isso atrai a atenção global.

É evidente que nenhum dos dois países busca um conflito ou uma ruptura nas relações, uma vez que isso resultaria em perdas significativas para ambas as partes. Vale ressaltar que esse encontro também é relevante para a futura eleição nos Estados Unidos, já que a permanência ou não de Biden na presidência ainda não é certa. Ao buscar diálogos e soluções para os impasses entre esses Estados, isso pode influenciar a corrida eleitoral e as futuras relações China-EUA.

Em conclusão, é certo afirmar que, ao lidar com duas grandes potências que possuem ideologias, políticas e culturas distintas, é natural que surjam atritos ao longo dos anos. Além de que, dada a considerável influência desses países, qualquer ação deles pode alterar as dinâmicas no cenário internacional. E é por isso que diante das incertezas do futuro, é importante estar atento e observar qualquer notícia que surja.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


AFP. APEC: China’s Xi Jinping and US Pres. Joe Biden compete for Asia-Pacific allies at summit: Despite the easing of tensions, Biden set out his stall that Washington was a better ally for many of the bloc’s 21 member economies than an increasingly assertive Beijing.. [S. l.], 17 nov. 2023. Disponível em: https://hongkongfp.com/2023/11/17/apec-chinas-xi-jinping-and-us-pres-joe-biden-compete-for-asia-pacific-allies-at-summit/. Acesso em: 24 nov. 2023.


CARVALHO, Cecília; CATERMOL, Fabrício. As relações econômicas entre China e EUA: resgate histórico e implicações. Revista do BNDES, Rio de Janeiro, v. 16, n. 31, p. 215-252, jun. 2009. Disponível em: https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/handle/1408/11296. Acesso em: 29 nov. 2023.


CNN. Biden diz que Xi Jinping é um “ditador” horas após reunião com o líder chinês: Questionado por uma jornalista da CNN se ainda descreveria o presidente da China como tal, Biden disse que sim: "É um homem que dirige um país comunista". [S. l.], 16 nov. 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/biden-diz-que-xi-jinping-e-um-ditador-horas-apos-reuniao-com-o-lider-chines/. Acesso em: 23 nov. 2023.


CNN. Joe Biden e Xi Jinping se encontram em cúpula nos EUA: Presidentes dos Estados Unidos e da China se reúnem em bilateral paralela à Cúpula de Líderes da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC). [S. l.], 15 nov. 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/biden-xi-jinping-cupula-eua/. Acesso em: 21 nov. 2023.


EL PAÍS. EUA x China: cenários da nova guerra fria: As duas superpotências do século XXI avançam em um pulso pela hegemonia cada vez mais intenso e repleto de perigos. [S. l.], 26 jul. 2020. Disponível em: https://brasil.elpais.com/internacional/2020-07-27/eua-x-china-cenarios-da-nova-guerra-fria.html. Acesso em: 29 nov. 2023.


ESTADÃO CONTEÚDOS. Biden chama Xi Jinping de 'ditador' horas depois de reunião com líder da China: China condenou as declarações. [S. l.], 16 nov. 2023. Disponível em: https://exame.com/mundo/biden-chama-xi-jinping-de-ditador-horas-depois-de-reuniao-com-lider-da-china/. Acesso em: 23 nov. 2023.


FILHO, Carlos Renato Lopes Ungaretti; TABORDA, Enrique Polto; JUNG, João Henrique Salles; CHAISE, Julia. O Tensionamento nas Relações entre a China e os Estados Unidos sob a Análise do Contencioso no Mar Meridional Chinês. [s. l.], 2016. Disponível em: https://www.gov.br/defesa/pt-br/arquivos/ensino_e_pesquisa/defesa_academia/cadn/artigos/XIII_cadn/o_tensionamento_nas_relacoes_entre_a_china_e_os_estados_unidos_sob_a_analise_do_contencioso_no_mar_meridional_chines.pdf. Acesso em: 29 nov. 2023.


G1; GLOBONEWS. Em reunião com Biden, Xi Jinping diz que 'o planeta é grande o suficiente' para os EUA e a China: Presidentes realizam encontro na Califórnia nesta quarta (15). Presidente americano disse que os dois devem 'garantir que a competição nunca se torne um conflito'. Assuntos como meio ambiente e interferência de hackers chineses nas eleições americanas estão na pauta de encontro que acontece antes da cúpula Ásia-Pacífico.. [S. l.], 15 nov. 2023. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/11/15/biden-e-xi-jinping-fazem-reuniao-nos-estados-unidos.ghtml. Acesso em: 22 nov. 2023.


KLOCK, Cleide. Biden chama Xi Jinping de ditador após encontro e China responde. [S. l.], 16 nov. 2023. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/rfi/2023/11/16/china-rebate-afirmacao-de-biden-que-tratou-xi-jinping-de-ditador-apos-encontro-entre-os-dois-lideres.htm. Acesso em: 23 nov. 2023.


PAUTASSO, Diego; NOGARA, Tiago Soares; UNGARETTI, Carlos Renato; RABELO, Ana Maria Prestes. Três dimensões da guerra comercial entre China e EUA. Carta Internacional, [S.L.], v. 16, n. 2, e1122, p. 1-23, 1 jul. 2021. Associacao Brasileira de Relacoes Internacionais - ABRI. http://dx.doi.org/10.21530/ci.v16n2.2021.1122. Disponível em: https://cartainternacional.abri.org.br/Carta/article/view/1122. Acesso em: 29 nov. 2023.


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WINGFIELD-HAYES, Rupert. EUA armam Taiwan até os dentes em meio a tensões com China. [S. l.], 8 nov. 2023. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cw02510j97qo. Acesso em: 21 nov. 2023.

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