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ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E SEUS EFEITOS SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA


Palavras-chave: Envelhecimento populacional, pirâmide etária, previdência social, sustentabilidade, transição demográfica.

G1, 2016
G1, 2016

Resumo:

Nos últimos anos vem sendo possível observar que o Brasil passa por uma rápida transição demográfica, caracterizada principalmente pelo aumento da população idosa e pela redução das taxas de natalidade. Esse fenômeno, por sua vez, impõe grandes desafios à sustentabilidade da previdência social, especialmente no modelo de repartição simples que é atualmente adotado no país. Nesse sistema de financiamento, os trabalhadores ativos, que estão no mercado de trabalho e contribuem para a previdência social, pagam por meio de suas contribuições mensais, os benefícios dos aposentados e pensionistas atuais.

Diante disso, se faz necessário analisar não só os impactos diretos dessa situação no sistema previdenciário brasileiro, como também, as possíveis estratégias de enfrentamento.

IBGE Educa, 2022
IBGE Educa, 2022

Introdução:

O envelhecimento da população é um fenômeno global, mas em países em desenvolvimento como o Brasil, esse processo ocorre de forma acelerada e com recursos institucionais limitados. O aumento da expectativa de vida juntamente com a redução da taxa de fecundidade alteram significativamente a estrutura etária da população brasileira, impactando diretamente o sistema de seguridade social, especialmente a previdência pública.

A fim de contextualizar, o modelo previdenciário vigente foi estruturado em uma época onde a população era composta por pessoas mais jovens e em um contexto de expansão do mercado de trabalho formal. Dessa forma, e desconsiderando a realidade atual, o regime geral de previdência social brasileiro (RGPS) opera majoritariamente no modelo de repartição simples, ou seja, o dinheiro que entra no sistema hoje é usado para pagar quem já está aposentado, e não para formar uma poupança individual para o futuro de cada contribuinte. Sendo assim, esse sistema depende diretamente da proporção entre contribuintes e beneficiários e com o envelhecimento da população, essa relação se torna cada vez mais descompensada. Estima-se que em 1980, havia no Brasil 13 trabalhadores ativos para cada idoso, em 2018, esse número era em média 7,7 ativos para cada idoso. E em 2060, espera-se que essa relação alcance 2,22 colaboradores ativos para cada idoso, com tendência à redução com o passar dos anos.

IBGE Educa, 2022
IBGE Educa, 2022

Desenvolvimento:

Nas últimas décadas, o Brasil vivenciou uma drástica mudança em sua pirâmide etária. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) declara que na década de 1960, a média de filhos por mulher era de 6,3, já nos anos 80 essa mesma taxa já havia diminuído para 4,4, enquanto a estimativa referente aos dados de 2020 é que a taxa de fecundidade esteja em 1,7 filhos por mulher. Ao mesmo tempo, a expectativa de vida aumentou significativamente, ultrapassando os 76 anos. Com isso, a proporção de idosos no Brasil cresce de forma acelerada.

Não podemos esquecer também que o elevado número de pessoas em situação de informalidade, sem carteira assinada e, portanto, fora do regime contributivo obrigatório, reduz significativamente a base arrecadatória do sistema. Da mesma forma, os altos índices de desemprego dificultam a entrada de novos contribuintes, contribuem para o aumento da inadimplência previdenciária e por consequência, a diminuição da base contributiva e o aumento do número de beneficiários pressionam as contas públicas e comprometem a capacidade do Estado de manter os pagamentos em dia.

Com isso, a Reforma da Previdência EC nº 103/2019 veio com o intuito de garantir uma maior sustentabilidade do sistema previdenciário a longo prazo, visando reduzir o déficit e promover maior previsibilidade fiscal. Entretanto, gerou diversas problemáticas pois trouxe consigo inúmeras alterações nos benefícios previdenciários e uma série de mudanças que vão desde mudanças no cálculo da aposentadoria ao aumento da idade mínima. É possível notar também uma série de controvérsias como o impacto negativo sobre os trabalhadores mais vulneráveis, além de não abordar de forma significativa questões, como por exemplo, as desigualdades regionais e de gênero. Dessa forma, apesar de ser necessária para a viabilidade fiscal, a reforma precisa ser complementada com políticas públicas voltadas para a inclusão e a redução das desigualdades sociais.


Conclusão:

Diante desse cenário, diversas estratégias alternativas vêm sendo adotadas pela população não só no Brasil, mas também ao redor do mundo. Entre elas, estão; a promoção da previdência privada e outros investimentos a longo prazo, criação de incentivos à formalização do trabalho, políticas de incentivo à natalidade, apoio à conciliação entre vida profissional e familiar, entre outros.

Fica claro, portanto, que o envelhecimento da população brasileira é um fenômeno irreversível que impacta profundamente a previdência social. Contudo, mais do que ajustes paramétricos, são necessárias políticas integradas que levem em conta as múltiplas dimensões do envelhecimento, com foco na inclusão, na equidade e na também na justiça social.


Referências Bibliográficas:

BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Pirâmide etária. Disponível em: https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18318-piramide-etaria.html. Acesso em: 30 abril 2025.


BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Em 2023, expectativa de vida chega aos 76,4 anos e supera patamar pré-pandemia. Agência de Notícias IBGE, 28 nov. 2023. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/41984-em-2023-expectativa-de-vida-chega-aos-76-4-anos-e-supera-patamar-pre-pandemia. Acesso em: 30 abril 2025.


G1 CEARÁ. Taxa de fecundidade deve seguir em queda no Brasil. G1, 14 maio 2023. Disponível em: https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2023/05/14/taxa-de-fecundidade-deve-seguir-em-queda-no-brasil.ghtml. Acesso em: 1 maio 2025.


MERCADO POPULAR. Reforma da Previdência: um guia para não economistas. [s.d.]. Disponível em: https://mercadopopular.org/nota-de-politicas-publicas/reforma-da-previdencia-um-guia-para-nao-economistas/. Acesso em: 1 maio 2025.


POLITIZE!. Reforma da Previdência: entenda os principais argumentos. [s.d.]. Disponível em: https://www.politize.com.br/reforma-da-previdencia-argumentos/. Acesso em: 1 maio 2025.


G1. Entenda a Previdência. G1 – Economia, 2016. Disponível em: https://especiais.g1.globo.com/economia/2016/entenda-a-previdencia/. Acesso em: 1 maio 2025.

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