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O POPULISMO DO LULISMO



RESUMO: Este artigo tem a finalidade de apresentar brevemente os conceitos populistas, ao mesmo tempo em que são analisadas as características do ex-presidente Lula como um possível populista no cenário político brasileiro.



1. INTRODUÇÃO


Nos últimos anos, o Brasil viu um dos seus principais líderes políticos ser acusado de corrupção, julgado e condenado em segunda instância pelo então Juiz, Sérgio Moro, chegando até ser preso em 2018. Embora tenha sido solto no ano seguinte, o mesmo se tornou elegível, somente em Março deste ano, o que gerou uma grande reviravolta no cenário político brasileiro, que por sua vez, já vivia um momento delicado.

A volta de Lula à disputa política é algo significante e um fator difícil de ser ignorado, pois, ainda que o petista tenha sua imagem arranhada ou totalmente destruída para alguns, ele ainda se caracteriza como um líder forte para outros. Não por acaso, o mesmo centralizou a figura do Partido dos Trabalhadores em si, e ainda, é capaz de obter o apoio de um contingente importante da população brasileira.

É possível dizer que muito da sua capacidade de continuar se mantendo ativo no jogo político, é justamente seu carisma, oratória e alcance de massa. Essas características são muito comuns em líderes populistas, que ao contrário do que se julga normalmente está presente em diversos políticos de direita como Collor, Jânio Quadros e o próprio Bolsonaro, além é claro, de Donald Trump para ilustrar um exemplo fora do contexto brasileiro.



2. O POPULISMO


O populismo é um fenômeno político que não ocorre somente no Brasil e na América Latina, mas em outros lugares como apresentado acima, pois, não se restringe a localidade ou ideologia política. Dessa forma, não seria nenhum equívoco atribuir a Lula o status de um líder político populista, que consegue dialogar com facilidade com as massas não somente que se identificam como seus apoiadores, mas também, até mesmo daqueles que são contrários às suas ideias e ações políticas.

Além disso, o ponto principal que é identificado no populismo e nos discursos de Lula é a retórica de sempre haver um povo versus elite, onde existe a necessidade de colocar essa suposta elite como o inimigo que está contrário aos interesses e bem estar do povo. Mesmo que seja possível identificar certa elite política e econômica na sociedade brasileira, que claro, estará em conflito de interesses com as outras classes, não necessariamente a existência dessa elite oferece um risco para o povo e muito menos deve ser combatida a ponto de apagar sua existência.

Admitindo que o Brasil seja um país desigual com um contingente pequeno de pessoas extremamente privilegiadas, a responsabilidade por essas problemáticas é do Estado e do corpo político brasileiro, e não de uma “Eliete”, caracterizada de forma genérica. Sendo assim, fica fácil comprar o discurso de que existe um “nós” contra “eles” da batalha batida entre o bem e o mal, pois, num discurso feito para simplificar e alcançar um grande número foi preciso resumir de uma forma perigosamente simplista quais seriam os problemas a ser enfrentados pela sociedade brasileira.



3. A POLARIZAÇÃO POLÍTICA


Um dos males causados pelo populismo é a polarização política, podendo ser identificado em um de seus componentes principais, o discurso de exaltar o povo na mesma medida em que faz críticas à elite. Esse tipo de situação joga um setor da sociedade contra o outro, não numa discussão de ideias ou disputa por espaço político e representação, mas de uma maneira que oferece perigo à própria democracia se elevado a certo nível.

Embora o ex-presidente tenha atuado de forma reconhecível em determinadas áreas da sociedade, fazendo com que a economia brasileira se desenvolvesse, e se tornasse a sexta maior do mundo, além da ampliação de diversos programas sociais relevantes, assim como fez na educação, não seria correto deixar de lado e não analisar os erros do próprio governo, cujo um deles tem reflexo até hoje. É claro, que a polarização política atual brasileira, não se deve única e exclusivamente ao governo Lula e muito menos ao PT, porém, é importante entender que sua forma de se comunicar e de criar inimigos, algo muito utilizado pelo governo Bolsonaro, também foi introduzido no governo petista, contudo, de uma forma mais realista e não fantasiosa beirando a teoria de conspiração.

Mesmo que Lula tenha características fortes que levam o ex-presidente brasileiro a ser classificado como um populista, como ser uma figura indiscutível dentro do partido, ou seja, traz para si a imagem do partido de maneira que a assimilação entre o político e o partido não tenha distinção. Da mesma forma, que consegue estabelecer uma relação direta com seu público quase que de maneira íntima com uma mistura de messias, um tipo salvador da pátria, ou aquele que poderia solucionar todos ou quase todos os problemas.



4. LULA É REALMENTE UM POPULISTA


Algumas dessas características não são tão cabíveis em Lula, como o radicalismo, o desejo de mudança do status quo, deslegitimando a ordem colocada e fazendo suas movimentações para a criação de uma nova organização jurídica e institucional. Em alguns momentos Lula até transpareceu uma imagem mais radical, mais ligada ao sindicalismo, onde começou sua vida política, entretanto, ao longo dos anos de campanha e até mesmo na presidência, Lula, apresenta outro comportamento muito mais conciliador, negociador e político, abandonando em parte falas consideradas mais radicais.

Dessa maneira, mesmo que o ex-presidente tenha muitas características populistas, em algumas delas o mesmo não se encaixa, principalmente se comparado a outros líderes radicais mundiais como Maduro, Ortega e Hugo Chaves. Ainda sim, quando olhado somente para o cenário político brasileiro, é inegável que Lula, possua um grande carisma, fácil acesso ao povo numa relação de intimidade quando discursa, o que o diferencia de todos os outros políticos brasileiros.


CONCLUSÃO


Ainda que Lula, atualmente tenha dificuldades em ganhar a confiança de uma parte da sociedade, devido aos escândalos de corrupção atrelado ao seu nome e partido, ele permanece como uma forte figura política. E não seria exagero dizer, que ele seria um dos poucos, senão o único capaz de vencer Bolsonaro nas eleições em 2022, justamente pela capacidade de produzir discurso coerente que conversa de forma adequada e simples com o povo.

Por fim, é visível que a campanha eleitoral já se iniciou, e claro, Lula se apresenta como candidato do Partido dos Trabalhadores, numa tentativa de voltar ao poder de forma que limparia sua ficha política, caso possua sucesso em seu possível governo, após arrumar a total incapacidade e omissão de Bolsonaro na presidência. Além disso, Lula, já fez seu “dever de casa” e começou a buscar formas de limpar a imagem do Brasil antes mesmo de saber os resultados das eleições que ainda nem ocorreram, para garantir apoio internacional, tranquilizando investidores, outros líderes mundiais e organizações internacionais.



REFERÊNCIAS


RICCI, Paolo, et.al. O populismo no Brasil (1985-2019) Um velho conceito a partir de uma nova abordagem. Revista brasileira de ciências sociais, São Paulo, 2021. Disponível em <https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/nHwmRRJRkWCv7XJVRc3nWsj/>.


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