QUAL É O IMPACTO DAS REDES SOCIAIS NA FORMAÇÃO DO ELEITORADO JOVEM?
- Samantha G. D. Santos
- 22 de nov. de 2024
- 4 min de leitura
RESUMO:
É de conhecimento geral que a internet e o uso de novas tecnologias vem transformando e alterando muitos aspectos na sociedade, incluindo a forma de se fazer política e de ser um cidadão ativo no meio social. Entre os mais impactados por essa mudança estão os mais jovens, que, por um lado, utilizam essas plataformas para expressar opiniões e gerar debates, ao mesmo tempo que criam um ambiente propicio a adversidades que podem afetar o seu próprio desenvolvimento na formação de uma opinião política. Além disso, é um fato que a crescente influência das redes sociais na política jovem já vem redefinindo todo o processo eleitoral brasileiro e também ao redor do mundo, tornando o voto uma prática cada vez mais pautada pelo dinamismo digital e pelo engajamento online. Por isso, o questionamento que podemos gerar a partir desse contexto é: Como as redes sociais estão remodelando o comportamento eleitoral da juventude e influenciando suas decisões de voto?
Palavras-Chave: Redes sociais, eleição, jovens, influencia

INTRODUÇÃO:
Embora as redes sociais sejam, majoritariamente, plataformas voltadas ao entretenimento, nos últimos anos elas se transformaram em espaços de destaque para o acesso a notícias e informações relacionadas à política e ao ativismo social. Esse fenômeno reflete como as redes têm impactado diversos aspectos da sociedade, incluindo o cenário político. Ainda, é de fácil percepção que não a muito tempo atrás as campanhas políticas eram distribuídas mais comumente pelos meios tradicionais de comunicação como TV, rádio e até mesmo jornal, enquanto, hoje em dia, as plataformas digitais desempenham um papel central na formação de opiniões e engajamento político. O impacto dessa transformação, por sua vez, é especialmente significativo entre os eleitores mais jovens, que são cada vez mais influenciados por conteúdos virais, influenciadores e ativismo online.
DESENVOLVIMENTO:
É notório que as redes sociais desempenham um papel fundamental na formação das ideias entre os jovens, influenciando diretamente suas percepções de mundo e a respeito de questões políticas e socioculturais. Hoje em dia, a internet acaba criando ambientes onde a juventude pode, não só, interagir, como também, debater e consumir os mais diversos tipos de informações. A fim de contextualizar, podemos citar um estudo realizado pelas pesquisadoras Camila Rocha, Esther Solano e Thais Pavez que demonstra que as plataformas mais utilizadas entre os jovens de 16 a 24 anos são justamente o Instagram, Tik Tok, e Youtube, sendo o Tik Tok a mais utilizada para acessar informações voltadas para a política (INTERNETLAB, 2024). Esses espaços digitais, por sua vez, são capazes de proporcionarem acesso a uma diversidade de opiniões e também moldam como os mais novos entendem os problemas sociais e os candidatos políticos. Muitas vezes, a informação chega de forma mais dinâmica nas redes, por meio de postagens curtas e vídeos virais, tornando o conteúdo mais acessível e atraente para esse público. Fora que, o chamado ativismo digital, frequentemente gera debates a respeito dos direitos de grupos minoritários, como os movimentos LGBTQIA+ e as pautas feminista, que são frequentemente impulsionadas pelo engajamento da juventude, que veem nas redes sociais uma maneira prática de divulgar essas causas e expressar apoio de forma imediata. Além disso, essas plataformas permitem uma comunicação direta entre os eleitores e os políticos, sem a mediação dos meios tradicionais de comunicação. Isso pode criar uma sensação de proximidade e envolvimento entre os mais jovens, comoção essa que a política institucional convencional não obtém com esse tipo de eleitorado.

Contudo, é nítido que essas plataformas também abrem portas para a disseminação de desinformação, o que é uma preocupação crescente. As fake news, por exemplo, tem um impacto significativo no processo eleitoral brasileiro, pois a disseminação de informações falsas pode alterar a percepção pública sobre candidatos, partidos e temas políticos, o que consequentemente leva a um ambiente de desconhecimento generalizado, onde os eleitores tomam decisões baseadas em informações erradas ou manipuladas. Não só isso, como também, o crescente desenvolvimento de tecnologias como a IA, podem criar conflitos nesse meio com o uso gradativo de deepfakes, ferramenta essa que permite realizar alterações em um vídeo ou em fotos. Fora que esse tipo de notícia pode ser compartilhada rapidamente nas redes sociais, e sendo muitas vezes sensacionalistas, contribui diretamente para a sua viralização. Logo, considerando um cenário de eleição, isso pode prejudicar a escolha do eleitor que, de duas, uma, não têm acesso os meios para verificar a veracidade das informações ou não tem sequer a preocupação de verificar se as informações recebidas são verídicas ou não. E indiretamente, essas notícias também podem alimentam a polarização política, fenômeno visto de forma escancarada nas redes.
CONCLUSÃO:
Dessa forma, as redes sociais embora ofereçam uma plataforma útil para o engajamento político e o exercício da cidadania, também apresentam desafios no que diz respeito à superficialidade de alguns debates e a verificação de informações, fatores esses que podem comprometer a integridade do processo eleitoral e moldar de maneira distorcida as perspectivas dos usuários. No entanto, é inegável que as redes sociais desempenham um papel central na formação da opinião política, principalmente entre os mais jovens, ampliando sua participação no processo eleitoral. Portanto, a forma como a informação é consumida e compartilhada poderá redefinir o conceito de democracia e engajamento político no Brasil e em outras partes do mundo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:
JORNAL USP. Redes sociais ajudam os jovens a se interessarem mais pela participação na política, 15 mar. 2022. Disponível https://jornal.usp.br/atualidades/redes-sociais-ajudam-os-jovens-a-se interessarem-mais-pela-participacao-na-politica/. Acesso em 20 nov. 2024. em:
GONÇALVES, Daniela. Redes sociais e o modo como jovens entendem a política, Disponível em: https://centralperiferica.eca.usp.br/redes-sociais-e-o modo-como-jovens-entendem-a-politica/. Acesso em 20 nov. 2024.
BORGES, Ester e PÉCORA, Paula. Influenciadores, Redes Sociais e Política: a perspectiva dos jovens latino-americanos, 10 out. 2024. Disponível em: https://internetlab.org.br/pt/noticias/influenciadores-redes-sociais-e-politica-a perspectiva-dos-jovens-latino-americanos/. Acesso: 21 nov. 2024.
G1, GLOBO. O que é deepfake e como ele é usado para distorcer realidade, 28 fev. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2024/02/28/o-que-e-deepfake-e-como ele-e-usado-para-distorcer-realidade.ghtml. Acesso: 21 nov. 2024. eleições
AGÊNCIA MURAL. Meu primeiro voto: o que jovens das periferias esperam das 2018, 24 jul. 2024. Disponível https://agenciamural.org.br/meu-primeiro-voto-o-que-jovens-das-periferias esperam-das-eleicoes-2018/. Acesso em 21. Nov. 2024. em:
NOGUEIRA, Carolina. Número de jovens eleitores em 2022 é o menor em 20 anos, 09 abr. 2022. Disponível: https://www.poder360.com.br/brasil/numero-de jovens-eleitores-em-2022-e-o-menor-em-20-anos/. Acesso em 21. Nov. 2024.
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