Rihanna: o Impacto Global Político, Econômico e Social da Estrela Caribenha

Resumo

Rihanna é uma cantora nascida na ilha de Barbados, no caribe, e é mundialmente reconhecida tanto por sua carreira musical quanto por sua recente chegada no mercado como dona da marca Fenty Beauty. Nesse sentido, o presente artigo visa apresentar a interferência da atuação da artista na conjuntura internacional, afetando as lógicas de funcionamento da indústria mundial.

Palavras-chaves: Rihanna. Indústria da Beleza. Diversidade. Inclusão.

Abstract

Rihanna is a singer born in the Barbado island, in caribe, and is worldwide known because of her musical career and her recent arrival in the industry as owner of the brand Fenty Beauty. In this way, the present article aims to present the interference of the actuation of the artist in the international conjuncture, affecting the working logic of the world industry.

Key-words: Rihanna. Beauty Industry. Diversity. Inclusion.

O ADVENTO DE RIHANNA E SEU ENVOLVIMENTO COM AS CAUSAS SOCIAIS

A jovem cantora nasceu em um micro Estado do caribe denominado Barbados e iniciou a carreira musical de forma inusitada, ao ser descoberta casualmente pelo produtor norte-americano Evan Rogers. Sua pequena ilha natal é uma antiga colônia britânica de cerca de 290 mil habitantes, que embora hoje como parte da Commonwealth, tenha a rainha Elizabeth II como chefe de Estado, está no caminho para se tornar uma república totalmente desvinculada da coroa britânica. Rihanna logo explodiu na mídia por sua personalidade autêntica, exaltar suas raízes do gueto barbadiano e valorizar sua cultura, destoando ainda mais de outros famosos por ser uma das raras celebridades mundiais que é mulher, negra, nascida no Sul Global e por seu fenótipo diferente do perfil de modelo, branca e magra (BBC 2021; SANTOS; MUNEIRO, 2019).

Logo em 2015, com pouco mais de 10 anos de carreira, tornou-se a primeira artista (e até então única) a ultrapassar 100 milhões de cópias vendidas e tocadas em plataformas de músicas digitais, além disso, se destaca pela conquista de nove Grammys, um dos prêmios mais importantes no ramo musical. Dona da voz que compõe diversos hits internacionais desde os anos 2000, Rihanna se consolidou como um marco histórico na música contemporânea. Entretanto, não satisfeita apenas com a carreira musical, buscou impactar o mundo e abalar as estruturas vigentes ainda, nesse sentido, o presente artigo visa expor sua interferência nos âmbitos político, social e econômico na conjuntura internacional (SANTOS: MUNEIRO, 2019).

A cantora, embora tenha se mudado de Barbados, passou a se envolver constantemente com políticas sociais em seu país natal, na busca de promover o turismo e de melhorar as condições de vida, saúde e educação da ilha. Ela mantém laços diretos com políticos do país e inegavelmente transformou a vida das pessoas que ali habitam. No ano de 2012 a musicista fundou uma instituição sem fins lucrativos Clara Lionel Foundation, que já atuou em diversos contextos e causas sociais na região caribenha. Seu trabalho filantrópico já foi reconhecido em diversos momentos pelos líderes de Estado de Barbados, e em 2018, Rihanna recebeu o título de “Embaixadora Extraordinária e Plenipotenciária” diretamente da primeira-ministra Mia Amor Mottley, passando a possuir poderes diplomáticos para realizar negócios em nome do país (BBC 2018; BARFIELD 2020).

Com a ascensão de sua carreira e a conquista mundial dos palcos e da mídia, Rihanna estendeu seu campo de atuação e passou a fazer trabalhos sociais em todo o globo. Nesse sentido, passou a agir em prol do desenvolvimento e do humanitarismo em múltiplas causas e organizações, como a UNICEF e a Global Citizen, colaborando oficialmente com 24 organizações de caridade. Há alguns meses, com a chegada devastadora da pandemia da COVID-19, sua fundação (Clara Lionel Foundation) doou cerca de US $36 milhões para esforços de emergência e mais de 4 mil tablets para facilitar a educação à distância. Entre diversas outras ações beneficentes ao longo de sua carreira, Rihanna se tornou destaque no mundo artístico por dar voz e suporte às minorias, enfatizar publicamente o poder coletivo e sua indignação com as injustiças sociais tornando-se, assim, uma voz política e um relevante ator no sistema internacional, reconhecida em 2017 como Humanitária do Ano pela Universidade de Harvard (HUOVINEN, 2021; BARFIELD 2020; ELLE 2020).

O COMEÇO DE UMA NOVA ERA E O IMPACTO NO MERCADO MUNDIAL

Após tantos feitos inegáveis e promoção de diminuição de desigualdades sociais, injúrias raciais e de gênero, em 2017, Rihanna produziu seu lançamento de maior impacto que nasce provocando uma enorme revolução no mercado da beleza: a marca de cosméticos Fenty Beauty. O primeiro lançamento da marca foi uma linha de bases, que surpreendeu por ter 40 tons e logo em seu primeiro ano de operação gerou 500 milhões de euros. Nessa conjuntura, Rihanna evidencia que sua chegada à indústria da beleza busca inclusão, inspirada em preencher as lacunas excludentes e nítidas nas grandes marcas de cosméticos. Sendo assim, a artista escancarou essa problemática do mercado, que até então era direcionado para peles brancas. Diante desse fator, é possível extrair diversas reflexões que vão desde a opressão branca na conjuntura capitalista à visão feminista e antirracista na percepção da construção do branco como o padrão de beleza aceitado e desejado. Entretanto, a Fenty Beauty surgiu para questionar e romper com esses padrões raciais de beleza, na busca da valorização da pele africana, latina e asiática, sendo considerada uma das “Time’s Best Inventions of 2017”. No ano seguinte, Rihanna estreou no setor de lingerie com a coleção Savage x Fenty, mais uma vez surpreendendo por ter uma grade maior de numeração e a compatibilidade com variados tipos de corpos. As apresentações de desfile da coleção contaram com pessoas de mais variadas raças, etnias, além de pessoas com deficiência, algo nunca visto antes (HUOVINEN, 2021; BARFIELD 2020; ELLE 2020).

Após toda sua trajetória inusitada, de cantora a ativista, Rihanna se consagrou como a primeira mulher negra a comandar uma grife de luxo. Assim é possível salientar como tanto a Fenty Beauty quanto a Savage x Fenty chegaram para transformar a moda e a beleza, colocando o debate de diversidade e inclusão em outro patamar. Diante desse contexto, desencadeou-se o que hoje é denominado por acadêmicos como “Efeito Fenty”, visto que grandes marcas internacionais e luxuosas tiveram que se adaptar ao novo contexto, aumentando seus catálogos e se tornando mais inclusivos para só assim se tornarem aptos a continuar competindo no mercado. Dentre os feitos da marca de Rihanna, saliento o desbanque à Victoria's Secret - a maior marca de lingeries do mundo - e fazer com que a marca reconheça a misoginia agregada ao reforço de estereótipos irreais de padrões de beleza em seus desfiles anuais, que foram cancelados desde 2019 (SANTOS; MUNEIRO, 2019).

CONCLUSÃO

Hoje, estima-se que o patrimônio de Rihanna esteja em torno de 1,7 bilhões de dólares, nesse sentido, consagrou-se como a cantora mais rica do mundo, ultrapassando até mesmo Beyoncé e Madonna. Além disso, destacou-se pela relação intrínseca de sua carreira como artista, filantrópica e empresária, na qual um ramo colabora e impacta diretamente no outro, promovendo os três de uma forma extremamente efetiva. Soma-se a isso a capacidade que atualmente celebridades têm para direcionar a atenção tanto do mercado quanto da própria população para pautas políticas e sociais relevantes, como foi no caso em relação às questões de diversidade e inclusão. Ao desenvolver e lançar uma marca própria, uma mulher negra e caribenha provocou mudanças numa indústria que até então era direcionada quase exclusivamente para mulheres brancas. Seu impacto na problemática indústria da beleza direciona olhares que finalmente se expandem para além dos padrões utópicos vigentes, abrindo portas para pessoas de diferentes raças, tamanhos, sexualidades e credos, o que por sua vez tornou-se uma tática de capitalização da diversidade que se mostrou eficaz na lógica capitalista do mercado (HUOVINEN, 2021; BARFIELD 2020; SANTOS; MUNEIRO, 2019).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Barbados elects first ever president ahead of becoming republic. BBC, 21 out. 2021. Disponível em: <https://www.bbc.com/news/world-latin-america-58993728>. Acesso em: 09 de novembro de 2021.

CRAMPTON, Caroline, 2019. Como Rihanna se tornou uma lenda da música do século XXI. Vogue, 20 set. 2019. Disponível em: <https://vogue.globo.com/lifestyle/cultura/noticia/2019/09/como-rihanna-se-tornou-uma-lenda-da-musica-do-seculo-xxi.html>. Acesso em: 09 de novembro de 2021.

HUOVINEN, Nina. Can Postcolonialism and Neoliberalism Reveal All?: Understanding Celebrity Humanitarianism through a Case Study on Rihanna and Fenty Beauty. Malmö University, Faculty of Culture and Society (KS), Malmö, 23 de março de 2021. Disponível em: <http://urn.kb.se/resolve?urn=urn:nbn:se:mau:diva-41092>. Acesso em: 07 de novembro de 2021.

Rihanna appointed as ambassador by Barbados. BBC, 22 de setembro de 2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/news/world-latin-america-45609656>. Acesso em: 07 de novembro de 2021.

Rihanna, de diva pop a um dos principais nomes do mercado da moda e da beleza. Elle, 21 de outubro de 2020. Disponível em: <https://elle.com.br/moda/rihanna-trajetoria-da-musica-do-imperio-fenty>. Acesso em: 07 de novembro de 2021.

BARFIELD, K Ahlana. Rihanna ressignifica o que é ser bonita. Uol, 31 de agosto de 2020. Disponível em: <https://harpersbazaar.uol.com.br/beleza/rihanna-ressignifica-o-que-e-ser-bonita/>. Acesso em: 07 de novembro de 2021.

SANTOS, Alusk Maciel; MUNEIRO, Lilian Carla. Dior, Rihanna e o Capitalismo Artista: análise da campanha Secret Garden IV. Temática: UFRN, Natal, v. 15, n. 12, 12 nov. 2019. Acesso em: 07 de novembro de 2021.

WERLE, Adrienne. Beyond Light, Medium, and Dark: Diversity and Inclusivity in the Makeup and Beauty Industries. 2019. 46 p. TCC (Graduação) - Honors College Graduate, Kentucky, 2019. Disponível em: <https://digitalcommons.wku.edu/stu_hon_theses/831>. Acesso em: 09 de novembro de 2021.